Sou feliz e sinto-me pequena
Nesta enormidade de gente.
Sinto-me tão simples, tão ignorante
Destas artes sociais.
Encolho-me em todos os lugares
Onde vou.
E fujo, apavorada, para casa.
Sei ler, escrever
Respirar com o mundo
Adivinho momentos
Em sintonia com a vida
Rio e choro
A olhar para as coisas
E não sei nada.
Não sei fazer sorrisos
Sem motivo
Dizer coisas
sem razão
Não sei cumprimentar
quem não conheço
Nem gostar
De quem não gosto.
Nasci no tempo errado,
Na vida errada
Não pertenço aqui.
E todos os dias
Tenho que sair de casa
E fazer estas coisas
Que não sei.
Abril de 2004