Na solidão da presença que não tenho
Penso-te retrato de sofá
Guardo-te branca d’imaculada
Sorrisos de vento em prosas mil
Vejo-te simples e dourada
Vejo-te linda e incontrolado
Por entre agrestes desafios não atingidos
Prometo beijar o ar que respirares
Suspiro excertos de conversa fiada
E olho
E vejo delirante beleza em teu leito
Sinto-me perdido ali tão perto
Teus olhos mais profundos do que desejo
Teu corpo mais belo do que o ensejo
Treme-me a voz que não sabe o que diz
Fixa-me o chão que já fugia
Beijo o rosto delicioso
Aspiro o perfume que nunca vi …
E arrojo !
Olho-te nos olhos com disfarçada coragem
E arrepio …
Fascinam-me olhos tão profundos,
Aprisiona-me sua carícia imensa
Como beleza intensa
Soube-te ali divina !
Saltaste de ímpeto pela cama fora
E aconchegaste-me a ti na brancura do sofá.
Sofri-te em cada olhar
Perdi-te em cada segundo
Mordi-te toda toda em sonhos de mundo
Mataste-me ali de bravura
Em cada gesto que me deste
Em cada sorriso que parou o mundo
Arremessaste-me toda tua ternura
E deixaste meu olhar
Sôfrego sofrer tua beleza
Como se fosses mar tranquilo
Acalmaste minha fome
E deixaste a alma sentir em ti a vida
Descobri tuas mãos …
Descobri mil maravilhas desconhecidas
Encantaste meu encanto com firmeza
Trouxeste ao mundo tanta beleza …
Te conheço ainda hoje
Plena
Plena e pura
Nesse cenário de mundo em corredor
Nesse recanto de sofá abotoado
Vivo de memória cada segundo
Recordo-te como um mundo …
( um dia dedicaram-me este poema...)