Feiras Novas - festa que até hoje acontece pelas ruas, pelas margens do rio, por todo o lado.
Naquele tempo, a diversão principal girava à volta do folclore. Lembro-me que íamos também para as tascas, rir à gargalhada com os duelos de cantares ao desafio.
Nesta mesma praça, organizávamos rodas enormes e executávamos voltas e voltas milimetricamente aperfeiçoadas. Passávamos a noite assim e cresci a viver as festas desta maneira.
Poderá parecer estranho para quem não conhece, mas a magia das Feiras Novas encerrava-se nesse espírito genuíno e popular, onde a forma de nos divertirmos era andarmos na rua e nas tascas a viver a festa com as pessoas das aldeias e a tentar aprender o máximo acerca da tradição.
Mas agora já não é assim. Embora ainda venham muitos homens com concertinas, a música techno abafa-lhes o som. Agora parece mais que estamos numa mega festa da cerveja e prova disso é que as grandes marcas se degladiam pelo patrocínio.
Quem conhece sabe do que falo: não existia emoção maior do que entrar numa roda de dança. Um dos amigos a comandar a coreografia, a gritar o momento das voltas, dos passos lentos ou acelerados. Com um código próprio. Serrou para abrandar e organizar. Picou para acelerar o ritmo e pôr os braços no ar. Virou para começar a girar vertiginosamente. A música em sintonia. Concertina no serrado e concertina com castanholas no picado e nas voltas.
E não, não pertencia a um rancho folclórico. Era só um grupo de amigos que se juntava e dançava na rua. E sei que muita gente que desprezava estas coisas, na hora de nos ver dançar, daria tudo para estar lá no meio.