segunda-feira, setembro 27, 2004

Festa I


Uma noite quente na esplanada da praça. Subitamente um ruído estridente que surpreendeu. Olho para trás e vejo um grupo de homens com lanternas e uma mulher vestida com o fato de trabalho tipicamente minhoto a puxar por um carro de bois. Os bois com uns olhos enormes e pachorrentos e cornos revirados, com uma canga sobre a cabeça. O carro, totalmente feito em madeira, chiava com o peso do milho. Exactamente igual aos carros antigos que eu via passar nas aldeias quando era miúda. E lá estava a estranha explicação para o ruído que me tinha assustado. Ia acontecer ali na praça uma simulação de desfolhada e eu não sabia.
Pouco de seguida mais uma novidade: concertinas e castanholas! E de repente a noite tranquila de conversa encheu-se de música e de alegria. E o meu pé logo a fugir para a dança. Há coisas que estão na alma e nem sei explicar porquê. Também sou música. Todas as músicas. Até esta. Não resisto a uma concertina e a um par de castanholas.

E começa assim mais uma viagem ao passado.