A pessoa sobre quem quero falar hoje é diferente das pessoas de quem falei antes. Não publicou um livro, não pintou um quadro, não projectou um edifício. Não chegamos a ser amigas, porque a amizade precisa de tempo e o nosso tempo começava agora.
Criamos um laço forte. O laço de quem quer passar na vida mudando o mundo nas pequenas coisas do dia a dia. Temos algo em comum. Algo concreto que perdurará. Fizemos ambas de um espaço cinzento, um lugar alegre, colorido, confortável. Sonhamos um lugar onde os doentes se sentissem menos doentes, os pobres menos pobres. E está lá. As obras perduram, mesmo que não se saiba dos sonhos de quem as fez.
Estes dias tenho ouvido sobre ela as mais variadas expressões. Todas falam de força, de vida, de justiça, de disponibilidade. De causas. Corria o mundo por uma causa. Dedicava tempo ao voluntariado. E vivia. Intensamente.
Dói-me a dor dos que a choram. Dói-me ouvir “ a nossa fúria azul grenã morreu “.
Lembrei-me do pintor Luís Pinto Coelho. Lembrei-me da partida com as contas ajustadas. Dar e receber muito. Dar e receber tanto quanto se pode.
Lembrei-me também que nada se pode adiar. O minuto seguinte não nos pertence.
Súbita e tranquilamente a Rita foi embora há uns dias atrás. A fragilidade da sua vida é também a nossa fragilidade.
( e hoje um beijo especial para uma amiga que festeja o aniversário do seu blog e não deixar para amanhã o que não sei se poderei dizer : gosto muito de ti, Filipa )