Estilhaços de vidros esvoaçam
Dispersam-se as palavras em tornado.
A voz desaprendeu de as dizer.
Fragmenta-se o cristal subtil
Dos laços frágeis.
O corpo encolhe-se como um feto
E tilintam vidros a quebrar.
Transparência dói.
É impossível.
Utopia viver sem protecção.
Mas eu não pedi nada
Não pedi sequer para sentir.
Peço cada segundo simplesmente.
E em cada um peço viver.
Naturalmente .
Olhando e vendo
Como só o sei fazer.
Não quebrem o meu mundo
Não o abatam
Porque eu só pedi para estar aqui.
Foto de Rui Vale de Sousa