Levar-te à boca
Beber a água
mais funda do teu ser
Se a luz é tanta,
Como se pode morrer?
Eugénio de Andrade
.....
I
em todos os edifícios
da urbe/
ouvirei o teu centro/
como a rosa
para
abrigo/
II
há mortes que não sabem/que a morte
é um verso/ que deixa
destroços/
como um grande naufrágio
III
um pássaro
há pouco
recebia os teus versos/ em
telepáticas línguas/
chove muito
muito/
a chuva arrasta o teu nome na boca
Maat 7
.....
Passeaste em caminhos de água
Lavando a sede ao calor da alma
A sílaba que procuraste toda a manhã
Soou agora no silvo de águia
O corpo e a terra voam fundidos
Esvoaça o brilho assim de madrugada
Foto de João Coutinho