(...) Pensei que é bom olhar para o mundo com ingenuidade e sem construções.
Podemos assim perceber quanto o que nos move é tão pequeno e sem sentido. Podemos ter medo. Podemos ter esperança e teremos que a construir cada vez melhor, depois de se quebrar.
A seguir ao espectáculo, fomos pela rua fora até ao carro. Fui olhando para as montras coloridas cheias de apelos aos sentidos. Olhava também para o chão e para as casas da baixa com ar sujo e triste. Como se a cidade fosse um cenário degradado e ilusório e o mundo estivesse unicamente dentro de nós. O teu braço a aquecer-me o ombro era afinal a esperança, a única forma de não ter medo.
Foto de João Coutinho