quarta-feira, outubro 03, 2007

Sete vidas



Nunca soube o teu nome. Entraste numa tarde,
por engano, a perguntar se eu era outra pessoa -
um sol que de repente acrescentava cal aos muros,
um incêndio capaz de devorar o coração do mundo.

Não te menti; levantei-me e fui levar-te à porta certa
como um veleiro arrasta os sonhos para o mar; mas,
antes de te deixar, disse-te ainda que nessa tarde
bem teria gostado de chamar-me outra coisa - ou
de ser gato, para poder ter mais que uma vida.

Maria do Rosário Pedreira in Nenhum Nome Depois


Gostava de ter sete vidas. Não para morrer e renascer sete vezes, mas para as viver todas ao mesmo tempo. Agora mesmo.


Foto de João Coutinho