quarta-feira, outubro 05, 2005

Do tempo e das viagens


Sento-me do lado avesso do relógio
Quero olhar com atenção despida de horas
É importante passear pelos dias fora
Pedir a Lorca o ladrão do tempo
E subitamente ver as máquinas
a andar para trás
Queria ir ao passado ao futuro ir ao longe
Sem este cordel que me prende o pulso neste dia




As formas circulares dos mostradores dos relógios, por exemplo, geram a ilusão de que as horas regressam sempre e isso nunca acontece. Se calhar, devíamos imaginá-los em forma de espiral.

Laurie Anderson, Anéis de Fumo, Assírio e Alvim, 1997 ( p.37 )


Foto de João Coutinho