Lembrei-me de uma conversa onde afirmei que tinha ainda muito para aprender e de alguém me ter respondido “ não, tens tudo para desaprender “.
E fiquei a pensar nessa frase. Pensei que tudo quanto julgava saber não faz sentido. De quanto o sentido aparece claramente nas coisas mais simples, quando simplesmente as olhamos sem certezas.
E quando me falaram dela eu entendi o que era DESAPRENDER.
Há uns anos atrás fui ver Laurie Anderson.
Para além das coisas que já me tinham feito sorrir antes, ouvi-a falar do medo.
Dizia que só se sente medo no início, tal e qual como só se gagueja no princípio das palavras, nunca no final.
Falou da esperança, como se fosse uma prateleira de uma casa junto a uma linha de comboio: de cada vez que ele passa caiem as coisas que estão em cima e nós tratamos logo de as substituir por outras, cada vez de pior qualidade, pois sabemos que se vão partir novamente.
Pensei que é bom olhar para o mundo com ingenuidade e sem construções.
Podemos assim perceber quanto o que nos move é tão pequeno e sem sentido. Podemos ter medo. Podemos ter esperança e teremos que a construir cada vez melhor, depois de se quebrar.