segunda-feira, julho 10, 2006

Do Minho



Que dizer sobre as flores amarelas que crescem na berma da estrada e dos arbustos que rompem a terra aqui e ali sem que ninguém os tenha semeado a não ser o vento? Que dizer da água fulgurante que desliza com ruído pelos balados abrindo sulcos na terra castanha, húmida, fértil?

Vivo na pátria exuberante onde os olhos tropeçam a todo o instante com formas excessivas, verdes, vivas, coloridas. Nenhum lugar existe para descansar o olhar. Ao ritmo da oferta ostensiva e intensa da natureza, os pensamentos fervem, borbulham, explodem. As mãos fervilham em vontade de fazer. O coração bate, sufoca, estoura.

A casa é todo o lugar donde se avistem as estrelas. A sala de estar a rua onde se escutam gargalhadas e vozes. Não me estranhem em todo o meu excesso. É daqui que eu sou. Sabendo que ser daqui, assim intensamente, me retira muitas vezes a paz de me encontrar comigo no silêncio.



Foto de João Coutinho