quinta-feira, fevereiro 23, 2012

Zeca Afonso - Canção de Embalar

 

Dorme meu menino a estrela d'alva 
Já a procurei e não a vi 
Se ela não vier de madrugada 
Outra que eu souber será pra ti 
ô ô ô ô ô ô ô ô ô ô ô ô  
Outra que eu souber na noite escura 
Sobre o teu sorriso de encantar 
Ouvirás cantando nas alturas 
Trovas e cantigas de embalar 
Trovas e cantigas muito belas 
Afina a garganta meu cantor 
Quando a luz se apaga nas janelas 
Perde a estrela d'alva o seu fulgor 
Perde a estrela d'alva pequenina 
Se outra não vier para a render 
Dorme ainda à noite é uma menina 
Deixa-a vir também adormecer

Zeca, reportagem no JN

quinta-feira, fevereiro 09, 2012

O acordo ortográfico

O acordo ortográfico é um aleijão. Linguisticamente malfeito, politicamente mal pensado, socialmente mal justificado e finalmente mal implementado. Foi conduzido, aqui no Brasil, de modo palaciano: a universidade não foi consultada, nem teve participação nos debates (se é que houve debates além dos que talvez ocorram durante o chá da tarde na Academia Brasileira de Letras), e o governo apressadamente o impôs como lei, fazendo com que um acordo para unificar a ortografia vigorasse apenas aqui, antes de vigorar em Portugal. O resultado foi uma norma cheia de buracos e defeitos, de eficácia duvidosa. Não sei a quem o acordo interessa de fato. A ortografia brasileira não será igual à portuguesa. Nem mesmo, agora, a ortografia em cada um dos países será unificada, pois a possibilidade de grafias duplas permite inclusive a construção de híbridos. E se os livros brasileiros não entram em Portugal (e vice-versa) não é por conta da ortografia, mas de barreiras burocráticas e problemas de câmbio que tornam os livros ainda mais caros do que já são no país de origem. E duvido que a ortografia seja uma barreira comercial maior do que a sintaxe e o ai-meu-deus da colocação pronominal. Mas o acordo interessa, é claro, a gente poderosa. Ou não teria sido implementado contra tudo e todos. No Brasil, creio que sobretudo interessa às grandes editoras que publicam dicionários e livros de referência, bem como didáticos. Se cada casa brasileira que tem um exemplar do Houaiss, por exemplo, adquirir um novo, dada a obsolescência do que possui, não há dúvida que haverá benefícios comerciais para a editora e para a Fundação Houaiss – Antonio Houaiss, como se sabe, foi um dos idealizadores e o maior negociador do acordo. O mesmo vale para os autores de gramáticas e livros didáticos – entre os quais se encontram também outros entusiastas da nova ortografia. E não é de espantar que tenham sido justamente esses – e não os linguistas e filólogos vinculados à universidade – os que elaboram o texto e os termos do acordo. Nem vale a pena referir mais uma vez o chttp://www.blogger.com/img/blank.gifusto social de tal negócio: treinamento de docentes, obsolescência súbita de material didático adquirido pelas famílias, adequação de programas de computador, cursos necessários para aprender as abstrusas regras do hífen e outras miuçalhas. De meu ponto de vista, o acordo só interessa a uns poucos e nada à nação brasileira, como um todo. Já Portugal deu uma prova inequívoca de fraqueza ao se submeter ao interesse localista brasileiro, apesar da oposição muito forte de notáveis intelectuais, que, muito mais do que aqui, argumentaram com brilho contra o texto e os objetivos (ou falta de objetivos legítimos) do acordo.

Paulo Franchetti, director da editora da Unicamp descoberto nos Dias Felizes

terça-feira, fevereiro 07, 2012

Lost Angels' Project to Kill Mankind



Dos diários dos dois jovens responsáveis pelo massacre de Columbine (em 1999, no Colorado, EUA) saiu o conceito deste projecto do Teatro da Garagem onde se procura “localizar a possibilidade geradora de uma visão de humanidade e do sublime na transparência cristalina da palavra que é proferida.

“Anjos Perdidos”, ou “L.A. – Lost Angels’ | Project to Kill Mankind”, é um espectáculo para adolescentes (M/12) co-produzido pela Fábrica das Artes e Teatro da Garagem.

In Público