segunda-feira, novembro 22, 2010

Expressões idiomáticas: coisas do arco-da-velha

Significado: Coisas inacreditáveis, absurdas, espantosas, inverosímeis.

Origem: A expressão tem origem no Antigo Testamento; arco-da-velha é o arco-íris, ou arco-celeste, e foi o sinal do pacto que Deus fez com Noé: "Estando o arco nas nuvens, Eu ao vê-lo recordar-Me-ei da aliança eterna concluída entre Deus e todos os seres vivos de toda a espécie que há na terra." (Génesis 9:16) Arco-da-velha é uma simplificação de Arco da Lei Velha, uma referência à Lei Divina. Há também diversas histórias populares que defendem outra origem da expressão, como a da existência de uma velha no arco-íris, sendo a curvatura do arco a curvatura das costas provocada pela velhice, ou devido a uma das propriedades mágicas do arco-íris - beber a água num lugar e enviá-la para outro, pelo que velha poderá ter vindo do italiano bere (beber).

quarta-feira, novembro 17, 2010

Expressões idiomáticas - Do tempo da Maria Cachucha

Significado: Muito antigo.

Origem: A cachucha era uma dança espanhola a três tempos, em que o dançarino, ao som das castanholas, começava a dança num movimento moderado, que ia acelerando, até terminar num vivo volteio. Esta dança teve uma certa voga em França, quando uma célebre dançarina, Fanny Elssler, a dançou na Ópera de Paris. Em Portugal, a popular cantiga Maria Cachucha (ao som da qual, no séc. XIX, era usual as pessoas do povo dançarem) era uma adaptação da cachucha espanhola, com uma letra bastante gracejadora, zombeteira.

segunda-feira, novembro 15, 2010

Expressões idiomáticas - Verdade de la Palisse

Significado: Uma verdade de La Palice (ou lapalissada / lapaliçada) é evidência tão grande, que se torna ridícula.

Origem: O guerreiro francês Jacques de Chabannes, senhor de La Palice (1470-1525), nada fez para denominar hoje um truísmo. Fama tão negativa e multissecular deve-se a um erro de interpretação. Na sua época, este chefe militar celebrizou-se pela vitória em várias campanhas. Até que, na batalha de Pavia, foi morto em pleno combate. E os soldados que ele comandava, impressionados pela sua valentia, compuseram em sua honra uma canção com versos ingénuos: "O Senhor de La Palice / Morreu em frente a Pavia; / Momentos antes da sua morte, / Podem crer, inda vivia." O autor queria dizer que Jacques de Chabannes pelejara até ao fim, isto é, "momentos antes da sua morte", ainda lutava. Mas saiu-lhe um truísmo, uma evidência. Segundo a enciclopédia Lello, alguns historiadores consideram esta versão apócrifa. Só no século XVIII se atribuiu a La Palice um estribilho que lhe não dizia respeito. Portanto, fosse qual fosse o intuito dos versos, Jacques de Chabannes não teve culpa.

Nota: Em Portugal, empregam-se as duas grafias: La Palice ou La Palisse.

quinta-feira, outubro 28, 2010

O falador



Dos muitos livros que li, há alguns que deixam uma recordação muito forte. No caso de ' O falador', de Mário Vargas LLosa, o que me ficou foi o curioso facto de, depois de ler mais ou menos um terço do livro, ter começado a formular os pensamentos como o protagonista ( índio machiguenga da Amazónia peruana ): por etapas, quase aos soluços, sem um fio condutor tal como o conhecemos. É um bom livro, sem dúvida. Recomendo.


segunda-feira, outubro 25, 2010

Boas notícias



Esta semana: Tindersticks no Porto.

Boas notícias



A nossa aposta é no culto do livro e na diversidade da oferta. Entendemos as livrarias como espaços culturais e não como meros balcões de venda de livros, palavras do administrador José da Ponte.

A Livraria Latina reabre, no Porto, na próxima quarta-feira.


Foto de Zwigmar

terça-feira, janeiro 12, 2010

ZIW



A vastidão avança por aquilo de que falamos
evoca o que o tempo nos aconselha
com mensagens que parecem sem sentido:
o telefone toca apenas uma vez
faróis são deixados toda a tarde acesos
sucessivas falhas nos perturbam
pois não são falhas apenas

talvez a completa escuridão nunca tenha existido
talvez nos momentos decisivos
regresse por alguma passagem o desconhecido

um milhão de cintilantes lanternas de papel
sobre o rio
e a alma repete a pergunta eterna


José Tolentino Mendonça in A estrada branca


Foto de João Coutinho