quarta-feira, março 25, 2009

Do baú: A Barburinha



Contam-me que usei chupeta até muito tarde. Muito tarde quererá dizer três anos. Acontecia que era muito agarrada a esse objecto e disso lembro-me bem. Ás vezes não tinha chupeta para dormir. Nessas alturas fazia uma grande birra e a minha mãe levava-me para a janela e contava-me uma história.

A história da Barburinha. Era uma mulher de longa capa que surgia do escuro e descia a rua que se via de minha casa. Essa mulher levava os meninos que choravam muito pela chupeta.

Nesse tempo morava cá uma senhora que usava umas capas com gola de pele, o cabelo loiro sempre muito bem penteado, sapatos de saltos altíssimos. Muito elegante. Ninguém me disse nada, mas nunca tive dúvidas que era ela a Barburinha.



Foto de João Coutinho

segunda-feira, março 09, 2009

As palavras



As palavras sussuram
como segredos confiados às caixas de correio
As palavras aquecem as mãos
geladas abraçadas aos joelhos
As palavras não rimam
como o vento não rima nas frinchas das janelas

Ontem estava sol naquela rua onde passo
todos os dias e não te vi

De que cor são as palavras?



Foto de João Coutinho

O melhor lugar do mundo



Dentro de um abraço.


Foto de Nuno Palma

terça-feira, março 03, 2009

Um gesto



Nem mais nem menos que lábios voláteis beijando os teus cabelos
Nem mais nem menos que dedos transparentes na pele do teu rosto