quinta-feira, agosto 31, 2006

Sobre buracos negros


John Wheeler:
Os amigos perguntam-me: E se um buraco negro for negro? Como o podemos ver? E eu respondo-lhes: Já foste a uma festa? Nunca viste os jovens vestidos com os seus smokings pretos e as raparigas com os seus vestidos brancos a rodopiarem, nos braços uns dos outros, e com as luzes baixas? E só consegues distinguir as raparigas. Bem, a rapariga é uma estrela vulgar e o rapaz é o buraco negro. Não consegues ver este assim como não consegues ver o rapaz, mas a rapariga às voltas dá-te provas convincentes de que deve existir algo que a mantém em órbita.

In O Universo de Stephen Hawking de Stephen Hawking e Gene Stone

terça-feira, agosto 15, 2006

Histórias da praia



Rimo-nos na esplanada com uma piada qualquer acerca do nevoeiro. Passado um bocado esse nevoeiro desceu e arrumou-se todo à volta do coração. Vai demorar algum tempo a dissipar-se. O tempo de arrumar no lugar das coisas boas os passeios pelas rochas, as grutas, os caranguejos gigantes, os piratas, os banhos intermináveis ao fim da tarde.
Olhei de relance uma revista. Falavam do sindroma de Peter Pan. Não quero crescer nunca. Mesmo quando a minha energia não tiver mais resposta no meu corpo e já não for capaz de escalar penedos, os meus olhos verão nas ondas os galeões, verão na praia o desembarque dos piratas, os tesouros escondidos na areia. Nesse dia a princesa já terá crescido e as lembranças estarão guardadas eternamente dentro de arcas cheias de tesouros.
A amizade sem datas. A gargalhada livre do fundo dos dias felizes.
Ficarão também para sempre os nossos nomes mimalhos. Biscoito grande, biscoito pequeno, bruxinhas, ratonços e pipiros.


Foto de Trieffele