Que guardarão de mim as casas que
deixei? O pó sobre o meu nome?
Pedreira, Maria do Rosário, Nenhum Nome Depois, Lx, Gótica, 2004 (p.39)
Foto de João Coutinho
Um lugar para brincar com palavras e ideias. Para partilhar. Para nunca esquecermos quem somos. O que sentimos. Para minimizar a mágoa de não podermos estar em vários sítios ao mesmo tempo. A corrida apressada da vida. A impossibilidade de conhecer tudo o que existe. A saudade já.
Que guardarão de mim as casas que
deixei? O pó sobre o meu nome?
Pedreira, Maria do Rosário, Nenhum Nome Depois, Lx, Gótica, 2004 (p.39)
Foto de João Coutinho
Os copos em cima da noite de verão
As gargalhadas as conversas sem destino
O deserto quente do resto da vida
Uns olhos com lágrimas
O abandono
O cão vadio que dorme no jardim
E nenhum de nós sabia
O que fazer quando uma pessoa abandonada
Talvez não tivesse onde dormir
Uma pessoa abandonada
Uma pessoa abandonada
Uma pessoa abandonada
O deserto árido do resto da vida
O grito agudo de dizer eu ainda vejo
Que faço agora?
O mundo é livre para que te fale?
Foto de João Coutinho
agora eu era linda outra vez
e tu existias e merecíamos
noite inteira um tão grande
amor
agora tu eras como o tempo
despido dos dias, por fim
vulnerável e nu, e eu
era por ti adentro eternamente
lentamente
como só lentamente
se deve morrer de amor
Mãe, Valter Hugo, Anos 90 e Agora, Quasi ( p.269 )
Foto de João Coutinho
As recordações guardam-se em gavetas. Algumas não têm fechadura e abrem-se sempre que se precisa. Outras têm.
Estas últimas abrem-se quando menos se espera, as chaves são variadas e podem surpreender-nos em qualquer lugar. Podem ser um cheiro, uma música, uma frase solta, uma determinada luminosidade no dia…
Tinham passado dois anos e nunca pensei que a força desta memória me faria crescer um nó na garganta. Voltei ao campo da estrela e tive vontade de chorar outra vez.
A Lenda
Foto de João Coutinho