quinta-feira, setembro 29, 2005

Palavras doutros - Dúvida



Que guardarão de mim as casas que
deixei? O pó sobre o meu nome?




Pedreira, Maria do Rosário, Nenhum Nome Depois, Lx, Gótica, 2004 (p.39)


Foto de João Coutinho

quarta-feira, setembro 21, 2005

Posso falar-te?


Os copos em cima da noite de verão
As gargalhadas as conversas sem destino
O deserto quente do resto da vida
Uns olhos com lágrimas
O abandono
O cão vadio que dorme no jardim

E nenhum de nós sabia
O que fazer quando uma pessoa abandonada
Talvez não tivesse onde dormir

Uma pessoa abandonada
Uma pessoa abandonada
Uma pessoa abandonada

O deserto árido do resto da vida
O grito agudo de dizer eu ainda vejo

Que faço agora?

O mundo é livre para que te fale?



Foto de João Coutinho

quarta-feira, setembro 07, 2005

Palavras doutros e um beijo


agora eu era linda outra vez
e tu existias e merecíamos
noite inteira um tão grande
amor

agora tu eras como o tempo
despido dos dias, por fim
vulnerável e nu, e eu
era por ti adentro eternamente

lentamente
como só lentamente
se deve morrer de amor


Mãe, Valter Hugo, Anos 90 e Agora, Quasi ( p.269 )


Foto de João Coutinho

sexta-feira, setembro 02, 2005

Campus Stellae


As recordações guardam-se em gavetas. Algumas não têm fechadura e abrem-se sempre que se precisa. Outras têm.

Estas últimas abrem-se quando menos se espera, as chaves são variadas e podem surpreender-nos em qualquer lugar. Podem ser um cheiro, uma música, uma frase solta, uma determinada luminosidade no dia…

Tinham passado dois anos e nunca pensei que a força desta memória me faria crescer um nó na garganta. Voltei ao campo da estrela e tive vontade de chorar outra vez.



A Lenda


Foto de João Coutinho