quinta-feira, abril 28, 2005

Sons e Sonhos


Fato negro e sapatos brilhantes
Inclina as costas e semicerra olhares
Passeia os dedos por preto e branco
E sobe etéreo inundando a sala

Cordas esticadas martelos marfim
Em êxtase o olhar sem nada ver
A música que me leva que te leva
A calmaria das águas límpidas
A paz a procurada paz tão procurada
Que surge em acordes como agulhas
Nas pontas dos teus dedos
No fundo dos meus olhos.



Foto de João Coutinho

quarta-feira, abril 20, 2005

Nada


Novamente em espiral recolho-me
Nenhum som fora da minha cabeça
Nenhum som dentro de mim
Dobro-me e desdobro-me
Em pensamento zero


Foto de João Coutinho

Inquérito

A Sara apanhou-me na “ rede “ e aí estão as respostas:

Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro querias ser?
O livro por escrever.

Já algumas vezes ficaste apanhadinho(a) por uma personagem de ficção?
Quando terminei o Equador custou-me muito a ideia de não conviver mais com aquelas personagens e com aqueles lugares.

Qual o último livro que compraste ?
Nossa Senhora de Burka de Maria Azenha
Nenhum Nome Depois de Maria do Rosário Pedreira
Cartas a Um Jovem Poeta de Rainer Maria Rilke

Qual o último livro que leste?
O Processo de Kafka

Que livro estás a ler?
Breve História de Quase Tudo de Bill Bryson
Anéis de Fumo de Laurie Anderson
366 Poemas Que Falam de Amor – Antologia Organizada por Vasco Graça Moura
Anos 90 e Agora – Antologia Seleccionada e Organizada por Jorge Reis-Sá

Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
Ulisses de James Joyce
O Pêndulo de Foucault de Humberto Eco
O Memorial do Convento de José Saramago
Rosa do Mundo – 2001 Poemas Para o Futuro
O Principezinho de Saint Exupéry

A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?
JAP
Mauro
Sam Paio

Porque são pessoas muito especiais e acredito que, se responderem, vou gostar de ler as respostas.

quinta-feira, abril 14, 2005

Do medo


Era outra vez pequena como quando nada sabia
Tinha medo do escuro medo do sótão e do vento
Era tão pequena dentro do meu medo
Não sabia pedir ajuda não sabia o que era medo
Era eu no canto da sala abraçada aos joelhos
Era eu em todo o lado de olhos fechados
Era eu ali desprotegida sem saber do minuto a seguir

Era eu quase sem força para te esperar
Eras tu a chegar e a levar-me pela mão

E pouco a pouco abri os olhos




Foto de João Coutinho

segunda-feira, abril 11, 2005

Casa na Duna - Dia de Sol


Hoje sentei-me sobre a duna
Olhei o brilho curvo até ao céu
Olhei embriaguei-me de olhar
O sol voltou como eu não queria
Pensei na noite negra e nas estrelas

Não sei olhar a luz assim tão forte
Enquanto não voltares

Não quero o sol não quero a chama
Enquanto não voltares

Quero as ondas do mar só nos meus olhos

Depois? Voltar a casa
Talvez voltar…




Foto de João Coutinho

quarta-feira, abril 06, 2005

Casa na Duna - Mulher na Praia


Passeia na praia a mulher da casa
O xaile negro torce-se ao vento
Chove outra vez não sei se é chuva
É frio é tanto frio que não sei donde

Onde está o cavalo o cavaleiro
Onde está tudo o que conhecia
Serão as grutas a uivar será o vento
Será a mulher em busca do cavalo
Do cavaleiro em reflexo na areia

Mas o mar uiva
Uiva o vento
Quem grita um nome?

O mar? Talvez o mar…



Foto de João Coutinho