também eu
naveguei e agora regresso aqui
olhar naufragado em telas
riscadas.
abandono-me agora.
Texto e foto de Madness
Um lugar para brincar com palavras e ideias. Para partilhar. Para nunca esquecermos quem somos. O que sentimos. Para minimizar a mágoa de não podermos estar em vários sítios ao mesmo tempo. A corrida apressada da vida. A impossibilidade de conhecer tudo o que existe. A saudade já.
Simplesmente palavras nos meandros dos teus olhos
Simplesmente contornos de carícias à solta pelo vento
Nem mais nem menos que lábios voláteis
beijando os teus cabelos
Nem mais nem menos que dedos transparentes
na pele do teu rosto
Não sonhes num minuto escapar do que procuras
Nem sonhes que caminhos no futuro não te farão chorar
Não digas não demandes as origens do planeta
Nem pretendas com regras e livros sinuosos
dizer do que não sabes
Não sabes o segundo na fracção de tempo imediato
Nem sabes que dicionário consultar para dizeres
Que tudo o que me digas não é nada
E chega rir sorrir trocar coisas tão vãs como trocamos
Porque nos meandros dos teus olhos cruzam-se os meus olhos
Foto de Madness
De Madness :
escuta.
podemos não conhecer todas as respostas.
precisamos.
olhar o longe.
vem.
dá-me a tua mão.
Foto de M.
Aconteceu assim tão simplesmente
Cruzaram-se planetas
Luzes meteoros buracos negros
E tudo no universo se moveu
Para nesse dia nesse minuto
A porta se abrir e estar lá a resposta
O calor do abraço esperado pelos tempos
A tranquilidade do encontro do destino
Foto de M.
rio ticino, 2004
falo daquilo que vejo, embora possas pensar que sou cego.
trago-te as palavras sem socorro no escuro.
deixo-as nas cores para que desenhes a saudade do futuro.
[digo-te que o futuro não existe. somos apenas passado e presente]
Texto e imagem de Madness
Castanhas e vermelhas amarelas
pousadas na mão do vento que te assola
páginas dos dias passam secas
calendários imperfeitos das histórias
Ficarás tu sentado à espera
como se nada esperasses que te mova?
E se o calendário se enganar nas tuas contas
e viesse ainda o Verão a te queimar?
Deixarias o mau tempo largar chuva nos teus olhos?
Ou como um mendigo dos Outonos
ficarias ainda hoje a esperar a Primavera?
Foto de João Coutinho
Que pequenas coisas encontro nas tuas gavetas
Guardanapos de papel rabiscados de lembranças
Que prisão te encerra nos anais do tempo
Que histórias repetidas de tão gastas
Te enchem ainda este momento
Não as guardes mais deita-as ao lixo
Não te prendas ao relógio abre a cela
Caminha para a luz dos rios calmos
Banha-te de estrelas no oceano deste dia.
Foto de Erik Reis
E o candeeiro
Que acende o escuro
Reflecte nela até ofuscar.
Essa pedra vento
Corre como água
E debaixo da lua
Da rua da mágoa
Desfaz-se no ar.
Foto de M.
Branco precioso
Brilhante de lua
Diamante inteiro
Do fundo do mar.
E quando este brilho
Que o vento apregoa
Sente o cheiro neutro
Do fundo da rua
Estilhaça inteiro
Parte sem olhar.
Mascara-se em pedra
Sem cor, em cinzento
Com um brilho lento
Que teima em queimar.
Foto de M.