quarta-feira, julho 14, 2004

Rua da Mágoa


Jóia preciosa
Vestida de branco
No neutro da vida
Para não destoar.

Água. Vento. Lua.
De cor incolor
Velho candeeiro
De esquina de rua
no fundo da dor.

Branco precioso
Brilhante de lua
Diamante inteiro
Do fundo do mar.

E quando este brilho
Que o vento apregoa
Sente o cheiro neutro
Do fundo da rua
Estilhaça inteiro
Parte sem olhar.

Mascara-se em pedra
Sem cor, em cinzento
Com um brilho lento
Que teima em queimar.

E o candeeiro
Que acende o escuro
Reflecte nela até ofuscar.

Essa pedra vento
Corre como água
E debaixo da lua
Da rua da mágoa
Desfaz-se no ar.


1994